Oito
alunos do Colégio Porto Seguro em Valinhos (a 85 km de SP) foram desligados
após criarem um grupo de WhatsApp intitulado "Fundação Anti Petismo",
onde compartilhavam mensagens de cunho racista, homofóbico, nazista e
gordofóbico. O espaço foi criado no domingo (30), após a eleição de Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) para presidente.
Nas
conversas, os estudantes escreveram que queriam criar a "Fundação dos Pro
Reescravização do Nordeste", enviaram figurinhas elogiando o ditador
nazista Adolf Hitler e encaminharam mensagens como "não encontro um
petista comemorando, acho que é porque eles não têm celular ainda" e
"quero que os nordestinos morram de sede".
Ao ser incluído no grupo, um adolescente
de 15 anos perguntou do que se tratava. Um dos participantes respondeu que eles
seriam os "neonazistas do Porto". Ao se manifestar contrário ao teor
do grupo, foi retirado e recebeu mensagem de um colega dizendo: "espero
que você morra fdp negro".
Na quinta (3), a Federação Israelita do
estado de São Paulo, entidade representativa da comunidade judaica paulista,
divulgou uma nota em que pedia uma "atitude enérgica" do colégio.
"Não podemos tolerar mais
manifestações que visam diminuir um povo, uma raça ou qualquer ser
humano", disse a entidade, conforme noticiado pela coluna Mônica Bergamo,
do jornal Folha de S.Paulo.
Com a repercussão do caso, a escola
enviou nota afirmando que "repudia qualquer ação e/ou comentários racistas
contra quaisquer pessoas". Nesta sexta (4), voltou a se manifestar e
reiterou que preceitua a todos os seus alunos valores éticos e de respeito ao próximo
de forma a fortalecer o reconhecimento e valorização da diversidade.
No novo comunicado, o colégio voltou a
lamentar o episódio e manifestou indignação com o "conteúdo de caráter
racista, antissemita e misógino de algumas dessas mensagens".
"Reforçamos nosso repúdio veemente a
toda e qualquer forma de discriminação e preconceito, os quais afetam
diretamente nossos valores fundamentais", declarou.
A unidade afirma que decidiu aplicar as
sanções disciplinares cabíveis nos termos do Regimento Escolar, "inclusive
a penalidade máxima prevista, que implica seu desligamento imediato desta
instituição".
Além disso, a instituição de ensino
afirma reforçará suas práticas antirracistas, de conscientização e respeito à
diversidade, em todos as unidades, "abordando o assunto de forma ainda
mais contundente em suas pautas cotidianas, com iniciativas envolvendo a
comunidade escolar".
Disse ainda que vai contar com o apoio de
"consultoria especializada, para procurar evitar a reincidência de uma
situação gravíssima e inadmissível como essa".
Por fim, o colégio disse que conta com
"o apoio muito próximo das famílias e dos alunos nessa caminhada,
inclusive com o uso consciente das mídias sociais".
Pelas redes sociais, a mãe do aluno
vítima de racismo agradeceu pelo apoio que recebeu, mas disse que a luta
continua.
"Essa primeira batalha foi vencida.
Espero o bem para essas pessoas e que elas consigam se reeducar. É muito
importante a gente denunciar todo e qualquer tipo de violência. Não podemos nos
calar perante violência e injustiça", diz ela.
0 Comentários