Onze trabalhadores foram resgatados em situação
degradante de trabalho no município de Patos do Piauí. Eles estavam atuando na
atividade de extração mecanizada de pó de carnaúba quando foram encontrados
pelas equipes de fiscalização do Ministério Público do Trabalho e
Superintendência Regional do Trabalho.
De acordo com o procurador do Trabalho José Wellington Soares,
que acompanhou a ação, as irregularidades são muitas e configuram um caso
clássico de trabalho em situação degradante. “Os trabalhadores estavam dormindo
em redes armadas em árvores; tomando as refeições sem qualquer conforto ou
higiene, que eram preparadas ao relento, no chão, de maneira improvisada; sem
acesso a instalação sanitária e sem acesso materiais de primeiros socorros, e
ainda sem os equipamentos de proteção individual adequados aos riscos da
atividade”, elencou, destacando ainda que a água consumida pelos trabalhadores
era retirada de um poço nas proximidades e armazenada em algumas poucas
garrafas existentes na frente de serviço, com uso de copos coletivos.
Além disso, os trabalhadores também estavam sem carteira
assinada e sem Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) admissional. Como pagamento,
os trabalhadores recebiam R$ 50 por cada mil quilos de pó extraído. O
empregador foi identificado e foi notificado a adotar as providências
necessárias à regularização do caso. Ele deverá arcar com as admissões,
precedidas de um exame médico admissional, além de fazer a quitação das verbas
rescisórias devidas aos trabalhadores nos moldes de uma despedida indireta, ou
seja, com o pagamento do saldo de salário, aviso prévio indenizado, 13° salário
proporcional, férias proporcionais, FGTS e 40% do FGTS.
O procurador destacou que os trabalhadores atuavam no local há
cerca de 20 dias. “Conseguimos detectar a irregularidade logo no início e isso
contribuiu para que pudéssemos identificar e já buscar resguardar os direitos
desses trabalhadores. Por isso, é importante que as pessoas contribuam com o
Ministério Público, possam fazer as denúncias sempre que souberem das
irregularidades. O trabalho escravo se combate com a participação de todos”,
frisou José Wellington.
Com esse, já são 63 os trabalhadores resgatados em situação
análoga a de escravidão no Piauí, somente este ano. Na semana passada, o Grupo
Móvel resgatou 39 trabalhadores que estavam atuando na cadeia produtiva da
carnaúba e também em pedreiras nos municípios de Campo Maior, Buriti dos Lopes,
Castelo do Piauí, Batalha, Anísio de Abreu e Flores do Piauí. Em julho, 13
trabalhadores já haviam sido resgatados nos municípios de Palmeira do Piauí,
Currais e Cristino Castro.
Para denunciar as irregularidades, o trabalhador pode acessar o
site do MPT-PI no www.prt22.mp.mp.br, ir na aba
serviços/requerimento/denúncia, mandar um email
para prt22.dapi@mpt.mp.br ou ainda por meio do WhatsApp (86) 99544
7488. As denúncias podem ser feitas sem que haja necessidade de identificação
do denunciante.
FONTE: 180GRAUS
0 Comentários