Ministro diz ao
TSE que vai indicar militares para fiscalizar urnas
O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, enviou um novo ofício na noite desta segunda-feira, 20, ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, no qual informa que encaminhará nomes de técnicos militares para atuarem como representantes das Forças Armadas na fiscalização das urnas eletrônicas.
Segundo um
servidor do TSE, o documento enviado pelo Ministério foi recebido com surpresa,
pois não há precedentes na história da Justiça Eleitora. Mais cedo, Nogueira já
havia acionado a Corte para solicitar uma reunião privada entre oficiais das
três Forças e servidores da Justiça Eleitoral que tratará das propostas da
Defesa para as eleições deste ano.
No documento
enviado a Fachin, o ministro da Defesa diz que "a participação das Forças
Armadas como entidade fiscalizadora do sistema eletrônico de votação"
ocorrerá de "forma conjunta", por meio de uma equipe de técnicos
militares que o Ministério ficará responsável por nomear. A legislação
eleitoral prevê a participação dos militares como fiscalizadores das eleições e
auditores das urnas. A função, no entanto, é compartilhada com dezenas de
instituições, como a Polícia Federal, a Ordem dos Advogados do Brasil, o
Congresso e o Supremo Tribunal Federal.
O ministro da
Defesa ainda solicitou que o TSE indique um servidor do tribunal "para
atuar como ponto de contato" com os militares, "a fim de facilitar a
coordenação das ações que efetivem a aludida participação". As demandas do
Ministério vieram antes mesmo de Fachin responder ao pedido para que ocorresse
uma reunião entre os técnicos das instituições.
A relação entre
as Forças Armadas e a Justiça Eleitoral se deteriorou desde que o representante
da Defesa na Comissão de Transparência Eleitoral (CTE) na Corte, general Heber
Garcia Portella, passou a reproduzir o discurso do presidente Jair Bolsonaro
(PL) em mais de 88 questionamentos enviados ao tribunal.
Durante reunião
nesta segunda com os membros da CTE, Fachin disse que o político que duvida do
seu eleitor não é digno do mandato que exerce e desonra a história da
democracia. Para o magistrado, quem lança dúvidas sobre o sistema eleitoral, na
verdade, questiona as escolhas dos eleitores. "A Justiça Eleitoral está
preparada para conduzir as Eleições de 2022 de forma limpa e transparente, como
vem fazendo nos últimos 90 anos", afirmou o ministro.
Apesar da
firmeza das declarações, Fachin tem buscado distensionar a relação com os
militares. Na última sexta-feira, 17, ele enviou um ofício ao ministro da
Defesa, Paulo Sergio Nogueira, reiterando o convite para que o general Portella
comparecesse à reunião desta segunda.
Pouco antes da
reunião, Nogueira respondeu ao presidente do TSE que o representante das Forças
Armadas participaria do evento, mas reforçou o pedido feito à Corte de que
ocorra um encontro privado entre os técnicos militares e a Justiça Eleitoral
para tratar das propostas da Defesa sobre o funcionamento das eleições neste
ano. O Ministério da Defesa já havia solicitado, na semana passada, um encontro
entre os técnicos das instituições para "dirimir eventuais
divergências".
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