Cerca de 50 municípios do Piauí estão com menos de 15% da população vacinadas com a dose de reforço contra a covid-19, é o que alerta o professor Emídio Matos, pesquisador do Núcleo de Estudos em Saúde Pública da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e membro do Comitê de Operações Emergenciais (COE-PI) em entrevista ao Cidadeverde.com.
“Tem em torno de 50 cidades que estão abaixo de 15% com a dose de reforço. Isso tem nos preocupado também. O Piauí está indo super bem com as duas doses, segundo melhor índice do país, mas em relação a dose de reforço o país, que é acima de 25%, o Piauí está com pouco mais de 20%”, explicou o especialista, ressaltando os riscos deste cenário.
Isso porque, como evidenciado pela nota técnica emitida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) nesta quinta-feira (10), a alta na taxa de ocupação dos leitos de UTI-Covid, que no Piauí é de 87% atualmente, é justamente de pessoas não imunizadas, não completaram o esquema ou não seguiram os intervalos de vacinação especificados pelas farmacêuticas.
“Há um perfil que é importante destacar, de pessoas que aparecem como vacinadas, até com três doses, mas muitas delas não respeitaram o ciclo vacinal, não fizeram os intervalos recomendados, retardaram muito para tomar a segunda ou a dose de reforço. Além de grande número de não vacinados, muitas pessoas não respeitam o ciclo de vacinação”, enfatizou.
Projeção
Diante dos novos dados, Emídio Matos ratifica o que já havia previsto em outro momento, que além da prevalência da variante ômicron entre os novos casos da Covid-19 no estado, deve-se confirmar a tendência da “interiorização” da doença, potencializada justamente pela lentidão na dose de reforço.
“Teresina aparentemente começa a entrar em estabilidade, e o vírus vai se interiorizar de fato. Isso nos preocupa bastante porque a assistência em saúde é mais frágil no interior, então se alguém adoecer mais gravemente, há uma maior dificuldade em dar assistência”, comenta o professor.
Pico
Segundo o pesquisador, os números mostram que o Piauí está próximo ao pico de novas infecções pela Covid-19. “O que acontece depois? Um aumento de internações. Por volta do dia 26 de fevereiro, e, lá pelo dia 8 de março, um aumento de óbitos. A média de mortes hoje é de 10, mas a projeção é que possa chegar a 20, ou seja, dobraria”, estimou.
Apesar disso, Emídio pontua que o estado não deve atingir o mesmo patamar registrado no ano passado, quando a rede hospitalar colapsou. “Não temos essa projeção graças à vacinação. A ômicron não é mais leve, é que a vacina protege mais. Temos um menor número de óbitos porque as pessoas estão mais protegidas pela vacina”, concluiu.
Breno Moreno
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